AINDA NÃO... E NÃO SEI QUANDO...
Domingo, 3 de Junho de 2007
MUDANÇA

Andei a escolher outro apartamento.

 

Encontrei.

 

Agora estou aqui ao lado e ando a fazer a mudança.

 

Estou a levar as maluqueiras a pouco e pouco e a casa ainda está um pouco sem arrumo.

 

Não levem a mal.

 

O endereço:     http://cantodocarlos.blogspot.com

 

ATÉ



publicado por solcar às 12:17
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Segunda-feira, 12 de Março de 2007
(13)O ESSENCIAL

Em casa dos que me são queridos, habita agora outro ser.

Bolinha de pelo branco e irreverência quanto baste, própria da idade, chegou mês e meio após o nascimento.

Ali tem estado, deambulando pela área restrita do quintal, criando os seus próprios espaços e hábitos e depositando com frequência, muita mesmo, o resultado intestino da ração diária ingerida.

Rosno e ladro com alguma precisão.

Para o conquistar tive de juntar alguns insultos e latidos.

Olhando-o, observo e divago. 

Vem geneticamente equipado para utilização quase imediata do essencial. Respira, cheira, ouve, late, rosna, ladra e sobretudo morde.

Devora a parca e medida ração, chama a atenção para obter companhia e, mais, a artimanha já faz parte do seu ferramental , pois acata ordens de aquietação, superando a ansiedade, na certeza da recompensa.

E quando apanha as minhas pernas à feição até simula uma queca .

Quando lhe abanam um grande osso com algumas raspas, pede paz e isolamento, rosnando para quem o quebrar. 

É o sentido de posse, pois algum senão havia de trazer.

Estes processos simples, dádivas naturais, asseguram-lhe a melhor vida de cão que poderia ter e assim viverá intensamente enquanto a natureza o permitir.

QUE BOM SERIA ESQUECER E SER CÃO COMO ELE !



publicado por solcar às 10:25
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Quarta-feira, 28 de Fevereiro de 2007
(12) O REGRESSO

Desculpem lá o tamanho e a euforia.

É que algures dali saiu em tempos a minha nave em passeio espacial de maravilha, tendo, por sorte ou azar, esbarrado neste planeta prisão, onde e incompreensivelmente, ficou retida.

Desculpem, reitero, o êxtase acelera-me e dá-me ganas de mergulhar, sem saber voar, sem medo, sem servidões, livre, na tentativa de regressar ao meu sítio.

O quê ?  O conhecimento e a ciência dizem-nos que muitas daquelas estrelas já não existem ?

Pode lá !  Eu estou a vê-las! Ou, por aqui, já nem posso acreditar no que vejo?

Para que servem esses tais de ciência e conhecimento?

Será para aditar angustia e cortar cerce a esperança de regresso?

Será que a minha estrela está na lista das extintas, sendo em vão o retorno, deixando-me no espaço para a eternidade sem acolhimento?

Ciência e conhecimento eu vos declaro culpados. Assassinos confessos dos meus sonhos, minhas ilusões!

 



publicado por solcar às 10:58
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Sábado, 3 de Fevereiro de 2007
(11) A INTRUSA

Aqueles que me tem muito amor

Não sabem o que sinto e o que sou

Não sabem que passou um dia, a Dor

À minha porta e, nesse dia, entrou..         (F.E.)

                                                                                              

                                                                                               E a intrusa ficou



publicado por solcar às 12:00
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Sábado, 27 de Janeiro de 2007
(10) O TEMPO E A SUA MEDIDA

Conta-se que um sujeito muito crente, também endividado e caloteiro,  pouco escrupuloso a cumprir palavra dada, num dia de mais aperto, não hesitou em recorrer ao apelo superior.

Assim foi, armado de matreirice, perguntar a Deus o que eram para Ele o tempo e o dinheiro.

Ora, meu filho, (de resposta obteve) um milhão de anos para mim não é mais que um segundo e, podes crer, um milhão de euros é como se fosse um cêntimo.

Ai, meu Deus, resolvia todos os meus problemas se me emprestasses um cêntimo.  Podes ?

Ora, meu filho, muito simples, espera só um segundo!

 

E o tempo é isto ! 

Pura invenção do terráqueo para controlo não sei de quê.

Que de felicidade não.

Os restantes animais da criação, não sabem de todo o que é o tempo e, que me lembre, nenhum usa relógio.

Não lhes padece o interesse dum passado ou futuro e porventura vivem em plenitude o “tempo” que a natureza lhes concede, sabendo nós que nesta arena alguns, e pela nossa medida, tem passagem meteórica, apenas para garantir a continuidade da espécie e a lenta evolução.

No entanto, tem uma vida, vivendo-a por inteiro.  Não inventam!

 

E como o “tempo” acabou, termino a pedir deste texto noticia não façam, pois receio me neguem a alta que há tanto “tempo” almejo.

 



publicado por solcar às 11:41
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Terça-feira, 16 de Janeiro de 2007
(9) O TESOURO

Olhos postos no céu, fui na corrida ao oiro.

 



publicado por solcar às 12:22
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Domingo, 24 de Dezembro de 2006
(8) VIRAR O BICO AO PREGO

 Não consigo entender a passividade das formigas quando um pé humano, com intenção ou sem ela, pisa um dos seus carreiros.

São uns centos daqueles pequenos seres que ali são destruídos  e, aparentemente, o facto não perturba a continuação da tarefa do ir e vir, ressalvada uma ligeira agitação.

Curioso do que pensam disso os outros humanos, resolvi sair à rua armado de micro e câmara, interpelando o passante, coisa muito em moda nos tempos que correm.

Cheguei à conclusão que a maioria age como as formigas. Regra geral não sabem, não tem opinião, não tem tempo e quejandos. O que importa é o constante ir e vir.

 Emoções ? Nem por isso.

Foi giro e absorvente, porventura sem resultados práticos.

Caricaturo aqui duas ou três dessas entrevistas pelo seu destaque_

1.      Encarou-me.  Eh pá, não sei, talvez fosse útil nomear uma comissão para estudo do assunto e ... interpõe um sorriso alarve e exclama... Eh pá isto é para os apanhados!

2.      Aprumou-se, ajeita o visual, e certamente na esperança de sair no noticiário das oito, desata num discurso complexo, falando, falando, e não dizendo nada.  ( Onde é que eu já tinha visto isto ?)                          

3.      Outro decerto me conhecia. Fitou-me, virou costas e rosnou “o gajo é doido”. 

Fácil se torna retirar a conclusão  que ninguém quer saber de ninguém e o sistema é tocar para a frente mesmo que a meta seja atrás.

 

Deu-me gozo e por tal vou preparar outra entrevista.

O assunto tem de ser explosivo.

Por exemplo perguntar o que pensam dum ser gigantesco que anda a passear na baixa pombalina, espezinhando com a sua patorra 430, humanos, viaturas, edifícios e dando piparotes aquelas belas estátuas, quando alça a perna para passar para lá do arco da Rua Augusta.

Aqui vai interessar sobretudo a cuscas, mirones e radicais que de certo vão arriscar para dar uma olhada e depois poder contar, aumentando... Se escaparem.

Olha, aquele tipo vestido de branco  a dizer-me para não brincar com a câmara que é muita cara.  Outro sem sensibilidade.

Que Deus me perdoe.

 



publicado por solcar às 11:30
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Sexta-feira, 22 de Dezembro de 2006
(7) IMPASSE

SER SEU AMANTE, TENTEI,  NÃO CONSEGUI.

                                           SER SEU AMIGO, NÃO DEIXOU.

                                                                                                          MORRI !

 



publicado por solcar às 13:01
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Sexta-feira, 8 de Dezembro de 2006
(6) ESCUTANDO

É proposto reflectir sobre a influencia que possa ter tido em mim o atendimento de prevenção do suicídio, anónimo, solitário e pontual em que durante anos escutei a angustia, o desespero e a solidão dos outros.

Quando iniciei essa escuta, há muito andava eu prenhe de raiva e intolerância..  Duas figuras um tanto mesquinhas porém garantes da continuação da vida, mesmo quando tudo indica o contrário. Magnificas substitutas do desânimo e da apatia, estas por certo levando a outros caminhos.

Creio que nunca fui menino e daí sempre considerei a vida tarefa árdua. O fardo é difícil de transportar na subida e, por vezes, também na descida, ao contrário do que dizem dos santos.

O intolerante, por demasiado assertivo e pleno de disciplina, não é de todo bem visto. Assemelha-se ao ditador.

Porém nele coabitam a convicção e a justiça.

Quando critica os outros, exige o dobro de si.

Já a raiva é menos nobre, tem outra cor.

É aversão, falta de crença, não aceitação, contrariedade.

O “porquê eu ?”.

Pela via errada, é luta contra a soberana ditadura da natureza.

Lá me integrei no tal de atendimento.

Anos pesados que foram !

Na mistura de todas aquelas cores de sofrimento, mergulhei as minhas emoções e dei o braço à amargura dos outros.  Notei existirem dores mais fortes que as minhas ou pior suportadas, atingindo por vezes o desejo expresso de partir.

Acabei também por escutar com todos os sentidos, aquelas vozes sem rosto, no grito dos seus pesares.

Partilha ? Não, não creio ! Foi por inteiro !

Pacifiquei a alma. Serenei.

No reino das solidões consegui situar a minha.

Lavei a raiva, aceitando a dos outros.

Aos outros aceito e compreendo, e até mantenho  amizade com seres com vidas, sentires e condutas diferentes das minhas, na convicção de que não sou dono da verdade, nem sequer sei bem onde ela mora.

Intolerante, ainda sou, comigo próprio. Exijo-me.

Um destes dias irei perdoar-me! Prometo !

 

E assim a vida me mostrou que, e apesar de, sou um privilegiado.

 

 

 

 



publicado por solcar às 12:13
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Sábado, 2 de Dezembro de 2006
(5) A DÚVIDA

Tenho feito progressos na aceitação da loucura e sua dimensão.

Falo da minha claro. Embora reconheça que todos somos um tanto, dependendo sempre da opinião do outro e do próprio conceito.

Os passos foram temer, compreender, aceitar.

Tenho por isso de repetir algo que escrevi e cujo sentimento perdura:

 

Se me fosse permitido separar a humanidade em duas partes, os loucos e os outros, e, por modéstia, me colocasse no sector dos outros, restar-me-ia a angústia de não saber o que eles sabem que eu não sei.

 

 



publicado por solcar às 14:39
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(4) A IMAGEM

                                                              

Acordei esta manhã na disposição habitual.

Sabem quando se acorda não enxergando, nem a roupa nem justificação para mais um dia de luta ?  Sabem !  Evitam-me o fastio de explicar, pois assim foi que me arrastei ao quarto de banho.

Ali mora o mais confidente dos meus espelhos, aquele com quem mantenho maior intimidade e no fundo me olha sem os atavios e adereços que adoçam a figura e o grupo social impõe.

Uso com ele de certa sacanice, confesso, pois, para obter respostas positivas, lhe troco as voltas.  É assim que diariamente e após mimo cá, mimo lá, lhe coloco a pergunta dos contos de embalar.

Espelho meu, espelho meu, diz-me que não há tipo tão feio como eu.

Tudo começou a correr mal quando ele me quis gozar no intuito evidente de azedar o dia e respondeu mordaz:

   “mas não, mas não...  há por aí tipos bem piores do que tu “

Tanto desatino irritou-me e atirei-lhe a saboneteira, estilhaçando-o, e ele, mudo, devolveu-me uma imagem horrível.

Boa.  Era mesmo o mais feio.

Já tranquilo sentei-me na sanita, e, cumprido rapidamente o objectivo, saltei para o duche e até cantarolei.

Já tinha que fazer. Ia comprar um espelho.

 

 



publicado por solcar às 14:17
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(3) AMARELO

Sem me captar grande interesse, decorria a reunião em normalidade, não fora a chata da sujeita que me coube por vizinha.   Tagarela... Tagarela por inteiro...

E pelas tantas e pelo desinteresse do paleio, desliguei, deixando a sujeita em continuado monólogo.

Voltei a ligar quando ela, no recheio duma qualquer frase, afirmou detestar todos aqueles tipos vermelhos que nos rodeavam.

Aí, não resisti e na tentativa de a aquietar, sem saber o que o feito me reservava, ironicamente exclamei:

            “É verdade, ainda bem que você é azul”

A resposta veio embrulhada num ramo de bemmequeres:

            “Notou ? Foi por isso que me sentei junto a si, adoro o seu azul celeste.”

A tipa, além de tagarela era indubitavelmente daltónica e em definitivo calou-me.

Aterrorizado, posso dizer, levantei-me e saí em silencio de sorrido amarelo.

Cá fora corri a um espelho e dei graças, não havia manchas verdes. 

Porque sim, eu sou amarelo e detesto estas reuniões de vermelhos e azuis.

Felizmente ela não me tocou !

 

 



publicado por solcar às 14:11
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